sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A lenda da 'folha de Imbaúba'

Buenos...

Gostaria de compartilhar a edificante experiência pela qual passei tempos atrás, quando resolvi apreciar o belo dia de sol nas alturas do Monte Crista, pra variar.

Após uma agradável subida um pouco além da região do cume, compartilhando o almoço com meu colega ex-militar, surgiu o primeiro ponto de exclamação sobre minha cabeça. Favor não confundir com galhos, guampas, aspas e afins, tratou-se apenas de uma surpresa. E desagradável. Ouvindo o diálogo de um grupo que resolveu acampar próximo de onde estávamos degustando nossa incomparável iguaria (feijão com miojo), ouço uma donzela falando:


"- Não vou comer agora. Quero tomar banho primeiro, estou toda grudenta. Alguém trouxe sabonete? Vou naquele riozinho ali embaixo".


Seria admirável a preocupação com a higiene da moça... Não fosse sua total displicência com a natureza... Não fosse aquele riozinho, a única fonte de água limpa da redondeza...

E não é a primeira vez que me deparo com isso, infelizmente. Em outra investida minha à montanha, estava eu sedento, cantil seco tal qual minha boca, chegando feliz ao tal riacho, quase de joelhos, deparo-me com um sujeito, no meio da pequena piscina formada pelo curso d'água, espalhando espuma pra todo lado, com seu Lux Luxo e seu Garnier Nutrisse, o mesmo que eu uso... em casa, é claro.

Revoltas à parte, vamos voltar ao tema central, a 'folha da Imbaúba' (ou Embaúba, Imbaúva, etc, etc e etc)

Meu camuflado colega e eu iniciamos nossa caminhada de volta ao cume, nosso principal objetivo (sou montanhista, só o cume interessa), e após a cansativa subida e os indispensáveis e sempre poucos momentos de apreciação da paisagem, iniciamos a descida, o retorno para casa.

No caminho, uma curiosa figura vinha em sentido oposto e como estávamos num trecho estreito da trilha, parei e me coloquei fora do caminho, para que o indivíduo não perdesse o ritmo de caminhada. Mas ainda assim ele parou e, muito gentil, me agradeceu por ter-lhe dado a preferência. Ao que ele se virou para continuar a subida, vi algo estranho e achei melhor previni-lo de que havia uma enorme folha presa a sua mochila. E qual não foi minha surpresa ao ter como resposta que o sujeito havia ele mesmo amarrado a folha junto à sua bagagem, para que a mesma ficasse mais leve. Um novo ponto de exclamação surge em minha mente.

O homem, que aparentava beirar os cinqüentas anos, começou a me explicar que se tratava de uma simpatia que ele aprendera em um país que sofreu um terremoto há pouco tempo, cujo nome ele não lembrava - muito menos eu.

Disse ele que "o elemental da árvore de Imbaúba é sobressair-se às demais àrvores, cortando a vegetação da montanha". Dessa maneira, concluiu o homem, a folha amarrada à mochila auxilia na subida, diminuindo o peso da mesma.

A essa altura, o ponto de exclamação já havia se transformado em interrogação. Será que ele falava sério? Tratava-se de uma brincadeira? Será que haviam pregado uma peça nele, ou ele queria pregar uma peça em mim? ou ambos?

Após ouvir seu relato de que havia ensinado a 'simpatia' para um grupo de rapazes, e que o único a não aceitar a tal folha presa à mochila foi também o único a reclamar de cansaço, me despedi do homem e continuei minha descida. Mas o ponto de interrogação não saiu da minha cabeça. Meu ceticismo – por vezes sarcástico, irônico - me pôs a pensar em hipóteses que comprovassem cientificamente a 'magia' da tal folha.

Quem sabe a folha não servisse como uma asa, um aileron ou coisa parecida, que criasse uma corrente de vento ajudando a elevar a mochila, amenizando assim o peso sobre os ombros do caminhante? Ou quem sabe o calor liberado pelo corpo humano, em contato com a seiva da folha, liberasse uma substância que servisse como um aditivo, tipo guaraná ou algo assim? Quem sabe a folha não impeça os danados dos tiriscos de subirem na sua mochila fazendo sobrepeso nela? Eles são bem capazes disso...

Quem sabe?



Alexandre Wantz

2 comentários:

Canto da Obá!!! disse...

Olá Alexandre, fascinante o ensinamento passao por essa pessoa!!!
Amo de paixão a Embaúba e estou fazendo uma pesquisa sobre ela, realmente na mata atlantica ela é uma arvore que pdoemos vê-la e detecta-la, pois saus folahs são meio prateadas, diferenciando totalmente das outras árvores, adorei a explicação do companheiro de caminho, lembro me que fazendo uma trilha na praia dei de cara com uma folhad e embaúba, fiquei tão feliz que meu caminho de volta foi bem mais tranquilo, hehehe
Abraço
Caren

Ariela disse...

haha, adorei muito!
e ainda me ajudou a deixar minha pesquisa de escola sobra a Embaúba mais completo! (: