Acho que o incidente da Uniban transcende a discussão “homem x mulher”. Vai além da questão cultural, sobre homem pode isso, mulher não pode e etc. Definir o fato ocorrido como uma ‘violência sexista’, como li recentemente, é minimizar toda uma situação vergonhosa de falta de senso moral e rebaixa-la a um simples tabu cultural histórico.
A menina pretender freqüentar as aulas com aquela quantidade irrisória de pano que lhe vestia é tão ridículo quanto a atitude dos alunos. Puritanos instantâneos – nem precisa adicionar água – foram acometidos por uma histeria coletiva trazida direto da Salem de 1692, agindo como trogloditas defensores da boa moral (?) contra uma desvairada exibicionista.
E isso não tem a ver com meninos poderem mostrar o corpo, desfilando sem camisa, e meninas terem que se resguardar em trajes que lhe escondam a sensualidade, para que não sejam taxadas de mulheres ‘fáceis’. Tem a ver com o ambiente. Aquilo é uma universidade, não uma boate, ou desfile de modas. Muito menos clube de nudismo. Em qualquer empresa, mesmo fazendo um calor dos diabos, o peão, lá do chão de fábrica é obrigado por normas éticas – alguém lembra dessa palavra? – a vestir-se com calça e camisa fechada até o pescoço. Nada de peito de fora. A mesma exigência é feita aos que trabalham nos escritórios. Calça, camisa e sapatos. Ao menos onde eu trabalho, e falo de uma grande multinacional, é assim. Nada de chinelões, bermudões ou mini saias. Por que no raio da universidade há de ser diferente, se é lá que se prepara o jovem para o futuro emprego? Ou preparava-se, antigamente...
Em contrapartida, nada justifica o comportamento dos alunos, que caçavam a moça tal qual a uma bruxa em séculos passados. Faltaram apenas as tochas e forcados. E, claro, a fogueira em praça pública. O vestido da colega era inadequado? Incômodo aos olhos? Faltava com o respeito aos demais estudantes? Que seja, procurem a diretoria, o reitor. Exibam sua revolta de forma sensata, racional, não tentando fazer justiça com as próprias mãos, escorraçando a menina da sala de aula. Afinal, que tipo de pessoa, de profissional sai das universidades hoje, de canudo na mão? A palavra “superior”, que define o ensino, a educação deles, não pode ser aplicada aos selvagens da Uniban, penso eu. Nem ao violento desmiolado, nem ao ‘maria-vai-com-as-outras’, nem à desbundada que queria exibir o bumbum.
Resumindo minha humilde opinião, erraram todos. A moça ‘sem noção’, os bárbaros selvagens e a Uniban, ao expulsar apenas a moça, que talvez seja apenas uma vítima dos falsos valores difundidos pela sociedade hoje
Mas afinal, o que eu sei das coisas, não é mesmo? Nem curso superior eu tenho...
Em tempo, cito o jornalista Luiz Carlos Prates, comentarista da RBS TV, que citou o caso em sua coluna:
“É duro, ninguém sabe quem é a melhor aluna da Uniban, aquela da sirigaita que desfilou seminua... Pois a melhor aluna ninguém sabe quem é, mas a sirigaita seminua está “famosa”, ganha contratos e serve o prato. País infeliz o nosso”
OBSERVAÇÃO!
Na questão do machismo, “homem pode andar sem camisa versus mulher não pode usar mini saia porque é indecente” eu mencionei o local onde trabalho. Mas sabe o que ocorre lá? Homens são obrigados a usar calça, camisa e sapato, enquanto mulheres desfilam bermudinhas, saias, sandálias e blusinhas. E ainda nos fazem desligar o condicionador de ar por causa do frio! Haja desodorante pra rapaziada...
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