Mudanças...
Adeus ano velho, feliz ano novo, assim diz a canção. Época
de fazer um balanço daquilo que passou e de elaborar planos para o ano que vem.
Época de reflexões, promessas, resoluções, “vai mudar isso”, “começar aquilo”, “deixar
de fazer tal coisa”, vou me alimentar melhor, fazer exercícios, trocar de
emprego, e por aí vai. O fato é que muitas vezes termina um ano e começa uma
nova repetição do que passou. “Planos que tampouco deram em nada, ou meia
página de linhas rabiscadas”, já disse Roger Waters. Eu, particularmente, não
posso reclamar. Mais um ano acaba e mais uma grande mudança se aproxima! Vamos
à uma retrospectiva dos últimos anos que se passaram...
2012: Deixando de morar de aluguel e entrando na casa
própria. Ou melhor, no apê próprio. Como é bom ter um canto realmente seu – tá
certo, ainda é da Caixa – um lugar que você possa deixar do que jeito que
quiser, que fique a sua cara. A minha não porque é muito feia e redonda,
hehehe. A cozinha que queríamos, a sala
que queríamos, a TV que queríamos – eu queria – minha estante de DVDs,
enfeitezinhos, nosso canto alemão. Ou até mesmo a compra de um capacho, um pote
pra guardar biscoitinhos ou então trocar a maçaneta da porta, colocar um olho
mágico. Tudo tem outro gostinho. Mesmo tendo anos de parcelas para pagar, esse
é o nosso lar, nosso refúgio.
2013: Deixando de ser pedestre e me tornando um motorista.
Aí está uma coisa que eu duvidava que conseguiria, mas até que estou me saindo
bem. E assim que peguei a habilitação, surgiu um carrinho legal, que inclusive
deu pra comprar sem me enforcar em mais um financiamento. Confesso que não estava
desesperado pra dirigir e ainda me estresso muito andando pela cidade, trânsito
é uma coisa que me tira do sério (quem não, né). Mas admito que agora tudo
ficou mais fácil e prático. Fazer as compras, levar a mulher para o trabalho,
ir trabalhar, aquele passeiozinho de domingo ou aquela viagem maravilhosa.
Agora o ano de 2013 chega ao fim, e 2014 vem aí, com mais
uma grande mudança em nossas vidas, com certeza a maior de todas: VOU SER
PAPAI! Esta é, com certeza, a maior mudança pela qual alguém pode passar. Eu
sempre fui acostumado a fazer planos, planilhas, estimativas, projeções, mas um
filho não é algo que você simplesmente faz um plano, traça uma meta, ou uma
forma de ‘encaixar no orçamento’. O único plano que você faz é decidir ter um
bebê. E nem isso dá muito certo. Às vezes você espera alguns meses até receber
o ‘positivo’. Mas quando ele vem, começam as mudanças.
É hora de transformar a casa pra receber o novo membro da
família. Além do quartinho do bebê, já é bom pensar nos detalhes, como, por
exemplo, onde ficam guardados os produtos de limpezas, onde a criança corre
risco de se machucar, precisa colocar as redes nas janelas, comprar cadeirinha
para o carro, quem sabe até trocar de carro, por um maior, que caibam carrinho,
malas, fraldas, mamadeiras, e onde guardar as mamadeiras, e tomara que ele mame
no peito bastante tempo porque eu andei olhando no mercado e o leite em pó tá
caro pra caramba, e nós já vamos gastar com fraldas e, putz, onde vamos guardar
as fraldas e... E assim vai indo. Um turbilhão de ideias e pensamentos e planos
sucessivos, uma coisa levando a outra.
Mas, além de se preocupar em como vai ser quando o bebê
chegar, existem outras mudanças importantes já acontecendo. A mamãe tem novas
necessidades, fica mais cansada, enjoada, sensível, pesada – não amor, você não
está gorda – e precisa de mais atenção, mais carinho, mais colinho, mais
iogurte e muito mais cremes. Nada de tensões, filmes violentos, Iron Maiden no
volume máximo e se algum funkeiro chegar a menos de cinco metros, eu meto bala.
Para ela, só comédia, romances, aventuras e filmes da Marvel, claro. Tô louco
pra vestir o bebê de Wolverine, hehehe... Ouvir um pouco de Pink Floyd,
Beatles, Creedence, pro moleque, ou moleca, nascer com bom gosto pra música.
E falando em influências, também é hora de rever alguns
conceitos meus. Quero que meu filho, ou filha, leia bastante. “Papai, me dá a
boneca da Suzy vai ao Everest” ou “Papai, me dá um PS4”... “NÃO! Toma aqui esse
livro sobre a história da literatura.” “E semana que vem quero um resumo sobre
os principais tópicos.” Mas pra isso, eu preciso dar o exemplo, e faz tempo que
eu não pego um livro nas mãos, e também faz tempo que eu namoro alguns títulos.
Quem sabe também escrevo mais nesse blog...
Mas tem mais. Não que eu me ache um péssimo exemplo pra uma
criança, mas a vinda de um bebê me trouxe um certo ‘policiamento moral’. Será
que todos os meus atos estão de acordo com a educação que eu pretendo pregar
para a criança? Estou realmente fazendo aquilo que falo? E aí vem aquela
insegurança, aquela questão cruel: Será que eu vou ser um bom pai? Mas aí eu
olho para a minha esposa, para tudo que já construímos juntos e a forma como
construímos e vem uma certa tranquilidade, que me diz que tudo vai dar certo!
Alexandre Weinschütz