quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Mudanças...


Adeus ano velho, feliz ano novo, assim diz a canção. Época de fazer um balanço daquilo que passou e de elaborar planos para o ano que vem. Época de reflexões, promessas, resoluções, “vai mudar isso”, “começar aquilo”, “deixar de fazer tal coisa”, vou me alimentar melhor, fazer exercícios, trocar de emprego, e por aí vai. O fato é que muitas vezes termina um ano e começa uma nova repetição do que passou. “Planos que tampouco deram em nada, ou meia página de linhas rabiscadas”, já disse Roger Waters. Eu, particularmente, não posso reclamar. Mais um ano acaba e mais uma grande mudança se aproxima! Vamos à uma retrospectiva dos últimos anos que se passaram...

2012: Deixando de morar de aluguel e entrando na casa própria. Ou melhor, no apê próprio. Como é bom ter um canto realmente seu – tá certo, ainda é da Caixa – um lugar que você possa deixar do que jeito que quiser, que fique a sua cara. A minha não porque é muito feia e redonda, hehehe.  A cozinha que queríamos, a sala que queríamos, a TV que queríamos – eu queria – minha estante de DVDs, enfeitezinhos, nosso canto alemão. Ou até mesmo a compra de um capacho, um pote pra guardar biscoitinhos ou então trocar a maçaneta da porta, colocar um olho mágico. Tudo tem outro gostinho. Mesmo tendo anos de parcelas para pagar, esse é o nosso lar, nosso refúgio.

2013: Deixando de ser pedestre e me tornando um motorista. Aí está uma coisa que eu duvidava que conseguiria, mas até que estou me saindo bem. E assim que peguei a habilitação, surgiu um carrinho legal, que inclusive deu pra comprar sem me enforcar em mais um financiamento. Confesso que não estava desesperado pra dirigir e ainda me estresso muito andando pela cidade, trânsito é uma coisa que me tira do sério (quem não, né). Mas admito que agora tudo ficou mais fácil e prático. Fazer as compras, levar a mulher para o trabalho, ir trabalhar, aquele passeiozinho de domingo ou aquela viagem maravilhosa.

Agora o ano de 2013 chega ao fim, e 2014 vem aí, com mais uma grande mudança em nossas vidas, com certeza a maior de todas: VOU SER PAPAI! Esta é, com certeza, a maior mudança pela qual alguém pode passar. Eu sempre fui acostumado a fazer planos, planilhas, estimativas, projeções, mas um filho não é algo que você simplesmente faz um plano, traça uma meta, ou uma forma de ‘encaixar no orçamento’. O único plano que você faz é decidir ter um bebê. E nem isso dá muito certo. Às vezes você espera alguns meses até receber o ‘positivo’. Mas quando ele vem, começam as mudanças.

É hora de transformar a casa pra receber o novo membro da família. Além do quartinho do bebê, já é bom pensar nos detalhes, como, por exemplo, onde ficam guardados os produtos de limpezas, onde a criança corre risco de se machucar, precisa colocar as redes nas janelas, comprar cadeirinha para o carro, quem sabe até trocar de carro, por um maior, que caibam carrinho, malas, fraldas, mamadeiras, e onde guardar as mamadeiras, e tomara que ele mame no peito bastante tempo porque eu andei olhando no mercado e o leite em pó tá caro pra caramba, e nós já vamos gastar com fraldas e, putz, onde vamos guardar as fraldas e... E assim vai indo. Um turbilhão de ideias e pensamentos e planos sucessivos, uma coisa levando a outra.

Mas, além de se preocupar em como vai ser quando o bebê chegar, existem outras mudanças importantes já acontecendo. A mamãe tem novas necessidades, fica mais cansada, enjoada, sensível, pesada – não amor, você não está gorda – e precisa de mais atenção, mais carinho, mais colinho, mais iogurte e muito mais cremes. Nada de tensões, filmes violentos, Iron Maiden no volume máximo e se algum funkeiro chegar a menos de cinco metros, eu meto bala. Para ela, só comédia, romances, aventuras e filmes da Marvel, claro. Tô louco pra vestir o bebê de Wolverine, hehehe... Ouvir um pouco de Pink Floyd, Beatles, Creedence, pro moleque, ou moleca, nascer com bom gosto pra música.

E falando em influências, também é hora de rever alguns conceitos meus. Quero que meu filho, ou filha, leia bastante. “Papai, me dá a boneca da Suzy vai ao Everest” ou “Papai, me dá um PS4”... “NÃO! Toma aqui esse livro sobre a história da literatura.” “E semana que vem quero um resumo sobre os principais tópicos.” Mas pra isso, eu preciso dar o exemplo, e faz tempo que eu não pego um livro nas mãos, e também faz tempo que eu namoro alguns títulos. Quem sabe também escrevo mais nesse blog...

Mas tem mais. Não que eu me ache um péssimo exemplo pra uma criança, mas a vinda de um bebê me trouxe um certo ‘policiamento moral’. Será que todos os meus atos estão de acordo com a educação que eu pretendo pregar para a criança? Estou realmente fazendo aquilo que falo? E aí vem aquela insegurança, aquela questão cruel: Será que eu vou ser um bom pai? Mas aí eu olho para a minha esposa, para tudo que já construímos juntos e a forma como construímos e vem uma certa tranquilidade, que me diz que tudo vai dar certo!



Alexandre Weinschütz

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Weinschützfamilienfest (parte III)


A segunda feira amanheceu com um certo gosto de saudade. Uma sensação de ‘quero mais’ ou ‘que pena que acabou’. A 1ª Weinschützfamilienfest superou as expectativas, deixando belas lembranças na memória.

Mesmo alguns incômodos, como a péssima qualidade do quarto de hotel onde nos hospedamos (o azulejo do banheiro quebrou na minha mão e o assento do vaso sanitário era uma armadilha mortal), ou os inconvenientes atrasos dos convidados, não tiraram o brilho da festa, tão bem organizada pelo Sr Wilson Weinschütz.

Um belo salão, decorado com rústicas carroças, barricas, parreirais e flores compunham o cenário do evento, animado pelo trio Edelweiss e que contou com a apresentação das bandeiras que fazem parte da história da família e a execução de hinos, inclusive o Hino da Família Weinschütz.

Mais do que uma bela festa, via-se ali a realização de um sonho e a conclusão de um lindo e árduo trabalho de pesquisa que se iniciou em 1992 e resultou na publicação do livro “Resgate da Identidade”. O livro nos traz não apenas uma história de família, mas o processo de emigração de alemães para o Brasil, incluindo relatos das viagens de alguns destes emigrantes, que, como bem disse nosso anfitrião, tinham na fé o maior sustento para seguir rumo a uma nova vida.

A apresentação da genealogia da família, mostrada através “daquela coisa feita no computador” desdobrava os passos dados por nossos antepassados, geração por geração, até chegar aos atuais descendentes. Curioso que entre os convidados, encontramos parentes ‘distantes’ que moram logo ali, no mesmo bairro, vizinhança, e que por vezes esbarramos nos cotidianos da vida, sem saber dos laços que nos unem através da história dos nossos antepassados.

O sábado fechou com chave de ouro, com a apresentação do grupo de dança Lindental, de Treze Tílias. Inclusive eu, assim como outros convidados, fui convidado a tomar parte na apresentação. Confesso que eu já previa – e temia – o perigo de ser convidado. E o líder do grupo já previa que os ‘sorteados’ tentariam recusar ou fugir para o banheiro, já avisando que não aceitariam ‘não’ como resposta e que os banheiros seriam temporariamente bloqueados – o que não impediu a fuga do meu pai.

Minha performance dançando pode ser resumida em três palavras: Coordenação motora zero! Mas, graças à minha esposa, minha participação foi ‘abrilhantada’ com uma transformação relâmpago em um legítimo tirolês! Antes que eu pudesse perceber, me colocaram um chapéu, um cinto que custou a acomodar meu cilíndrico corpo, dobraram as pernas da minha calça e retiraram minha jaqueta. Não sei se foi nesta sequencia, pois quando vi, já estava ‘transformado’. Realmente foi uma experiência única, e aquele medo logo se transformou na mais divertida brincadeira.

Para o domingo nos foi reservado uma visita ao Ginásio de Esportes Werner Weinschütz, conhecido como Tutão, ao parque São Luis de Tolosa e, para finalizar, o museu da família Weinschütz: Weinschützlandhaus.

Mas vamos por partes. O ginásio recebeu este nome em homenagem a este parente que muito fez pelo esporte na cidade, seja como atleta, ou como incentivador, atuando nos bastidores, conforme foi contado por seus descendentes.

A surpresa maior encontra-se situada à Rua Ervino Paulo Weinschütz, bairro Roseira em Rio Negro. Trata-se da antiga casa da família, totalmente restaurada e ampliada. Além desta, na mesma propriedade do Sr Wilson está uma outra casa, herdada por sua esposa, que foi levada de Indaial, em Santa Catarina para Rio Negro, no Paraná, onde foi reconstruída e reformada, e que abriga o Museu da Família Weinschütz. Nela são encontradas fotos antigas da família, objetos antigos e curiosidades trazidas da Alemanha, durante a pesquisa. A propriedade prima pela dedicação desde a trabalhosa reforma das casas – mesmo com os ‘erros’ admitidos pelo primo Wilson – aos lindos canteiros floridos emoldurados pelo verde do gramado e das árvores. O sol e o céu azul completaram a beleza do lugar, certamente vindos como bênçãos do Pai Celestial em aprovação ao trabalho realizado.

Após o retorno do passeio, a certeza de que este foi apenas o primeiro dos encontros que virão. A ideia foi plantada e há de render bons frutos, no sul e no sudeste, seja em encontros regionais, seja em encontros nacionais, ou mesmo, quem sabe, numa reconstituição dos caminhos trilhados pelos primeiros Weinschütz rumo ao Brasil.

domingo, 19 de setembro de 2010

Weinschützfamilienfest (continuação)

"Pensar que o homem nasceu sem uma história dentro de si próprio é uma doença e absolutamente anormal, porque o homem não nasceu da noite para o dia. Ele nasceu num contexto histórico específico, com qualidades históricas específicas e, portanto, só é completo quando mantém relações com esses condicionamentos específicos. Se um indivíduo cresce sem ligação com o passado, é como se tivesse nascido sem olhos, sem ouvidos e, assim mesmo, quisesse perceber com exatidão o mundo exterior. É como se estivesse mutilado". Carl Gustav Jung.

O texto acima, enviado pelo ‘primo’ Wilson, reflete bem o que penso sobre buscar nosso passado, nossas origens, nossa história. Envolve mais do que simplesmente saber quem é filho de quem, ou se fulana casou com beltrano.

Como bem disse Carl Gustav Jung, nós nascemos num determinado contexto, marcado por características sociais, políticas, religiosas, ideológicas, etc. E estudar nossa história é saber também como estas características influenciaram nos caminhos trilhados por nossos antepassados no decorrer dos tempos.

A pesquisa do ‘primo’ Wilson me leva até a cidade de Ingelheim, situada ao lado do Rio Reno, no estado de Rheinland-Pfalz, Deutschland. De lá até aqui, em Joinville, onde me encontro no momento, escrevendo este texto, foi uma longa jornada, de quilômetros e séculos, passando por grandes guerras, descobertas científicas, avanços tecnológicos, surgimento e desenvolvimento de nações e mudanças no modo de pensar e agir da humanidade.

Quais foram os percalços encontrados pelos Weinschütz no decorrer desta jornada? O que teria motivado, impelido ou mesmo forçado seus atos e decisões que, por conseqüência, me trouxeram até onde estou hoje. A busca por uma vida melhor, a fuga de um conflito, o espírito de aventura, talvez a necessidade, a perda de um patrimônio e a busca por um recomeço.

A história me é passada, e a tantos outros Weinschütz, como o bastão numa corrida de revezamento. Não somos o ponto final desta jornada e, talvez, nem tampouco o meio dela. Os valores que recebemos vêm acompanhados da responsabilidade de passá-los adiante, sejam como exemplos ou como lições a serem aprendidas.

As tristezas e as alegrias, a coragem e o medo, a perseverança e a desilusão, as derrotas e vitórias, as marcas e cicatrizes sofridas e deixadas pelos antigos podem ser trazidas à tona para nos inspirar, nos fortalecer e nos tornar melhores. Como uma luz, vinda de tempos pretéritos para ajudar a iluminar os passos futuros.

Conhecer o passado aflora o sentimento de ser parte de uma história, que tem uma origem e que deve ter continuidade. Não somos apenas pontos isolados em nossa breve passagem pela vida. Somos parte dessa jornada histórica. Uma jornada cuja bagagem pode - e deve – ser agregada às nossas vidas, mas também deverá ser acrescida de nossas experiências pessoais e repassada aos que virão, para que saibam que também fazem parte de uma história. E acima disso, para que saibam que fazem parte de uma família.